ABREU, José Cândido

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ABREU, José Cândido

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Nível de descrição

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Código de referência

PT/CMMLG/GCMLG/MLG18/000060

Título

ABREU, José Cândido

Dimensão e suporte

1 pág.

Âmbito e conteúdo

ABREU, José Cândido. Filho de Tomaz António Gomes de Abreu e de Mariana Gertrudes de Abreu Magalhães, proprietários, da Vila de Melgaço. Neto paterno de Tomaz José Gomes de Abreu e de Constança Teresa de Araújo; neto materno do Dr. João Caetano Gomes de Abreu Magalhães e de Maria Bárbara Morfi Ervelha Gaioso e Puga. Nasceu na Calçada, SMP, a 16/8/1825, e foi batizado na igreja católica três dias depois. Padrinhos: o seu avô paterno e Teresa Clara Pereira da Gama, moradora na Rua da Calçada, SMP. // Desde jovem que se dedicou ao comércio. Teve estabelecimento no Campo da Feira de Fora. Foi por vezes vogal do Conselho Munipal, presidente da Câmara (nas décadas de oitenta e noventa do século XIX), mandando construir a capela e casa depósito do cemitério, abrindo – ou alargando – duas ruas: a do Rio do Porto (onde ele teve um estabelecimento de fanqueiro, mercearia, etc.) e a Rua Nova de Melo; foi juiz substituto de 1870 a 1879, e em mais períodos, além de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Melgço (1868 a 1898). Como provedor, mandou erguer o Hospital da Misericórdia, inaugurado a 16/10/1892, cujo edifício serviu no século XX (depois da década de oitenta, salvo erro) de Escola Superior (pólo de Viana do Castelo). // Foi Cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, comenda concedida pelo Governo a 17/2/1886. // A 6/11/1887 surgiu o jornal “O Melgacense”, cujo redator principal era o Dr. António Joaquim Durães. Sobreviveu quatro anos. A seguir, em Janeiro de 1892, nasceu o “Espada do Norte”, dirigido pelo padre António Avelino do Outeiro, natural de Paços. Durou um ano, ou seja, até Dezembro de 1892. Lê-se em Melgaço, Sentinela do Alto Minho, de ACE, II parte, 2.º volume, página 209: «Apareceu depois, num último esforço para captar as simpatias dos leitores do primeiro semanário, um outro periódico – O Melgacense – propriedade e administração de José Cândido Gomes de Abreu e redação do padre Aníbal de Vasconcelos Passos (…) Nem um ano deitou fora (1893), que se todos respeitavam José Cândido como homem de grande iniciativa e de bondoso coração, muitos não o toleravam como político.» // Os seus negócios eram abrangentes: depositário da Companhia de Tabacos, agente dos Bancos Comercial e Aliança, e ainda agente de uma funerária. // Casou na Vila de Melgaço catolicamente, a 27/12/1894, com a sua governanta de muitos anos, Ana Joaquina, nascida na vila, SMP, por volta de 1833, filha de João Manuel Vasques e de Vicenta Gomes. Testemunhas presentes: Dr. Francisco Luís Rodrigues Passos, médico do partido municipal, e sua esposa, Ludovina Rosa Monteiro de Vasconcelos Mourão, moradores na Vila de Melgaço. // Ana Joaquina Vasques não lhe deu filhos, mas José Cândido gerou em Joaquina Gomes, solteira, da Vila de Melgaço, filha de Joana Gomes, de Cecriños, Galiza, uma criança do sexo feminino, a quem deram o nome de Paulina Cândida, nascida no lugar do Barral, Paderne, a 24/7/1852, a qual ele reconheceu como filha (ver). // Em 1896 na estação de Nine, numa das suas viagens de negócios, quando se dirigia para a cidade de Braga, roubaram-lhe a carteira com 115 mil réis e vários documentos. // Em 1907 foi eleito presidente da A.S.M. (C.A.M.); tinha como vice-presidente Hermenegildo José Solheiro. Tomaram posse a um domingo, 21/7/1907, na Escola Conde de Ferreira. // Morreu a 16/12/1908, na sua casa do Campo da Feira de Fora, SMP, sem sacramentos, devido ao seu estado de saúde, com testamento, e foi sepultado no cemitério municipal. // Teve mais de cem afilhados, alguns dos quais foram contemplados no seu longo testamento. O resto dos seus bens deixou-os à viúva e a outros parentes. // Passados quarenta anos da sua morte, o “Mário de Prado” escrevia no “Notícias de Melgaço”: «… foi um homem invulgar, dotado de extraordinária força de vontade e excepcional espírito de iniciativa.» Pede aos conterrâneos que lhe ergam um busto numa das praças, mas até hoje ninguém ousou dar esse passo. Aliás, a Câmara Municipal, presidida por Rui Solheiro, atribuiu ao Largo da Calçada (ou Praça José Cândido Gomes de Abreu) o nome de Praça Amadeu Abílio Lopes, um pigmeu comparado com José Cândido. Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 1003, de 2/12/1951: «LARGO GOMES DE ABREU – Começaram as obras de calcetamento no Largo JCGA e oxalá em boa hora elas sejam feitas. Precisadinho estava, pois sendo o sítio da principal entrada da Vila, há muito vinha pedindo o cuidado de o arranjarem convenientemente. E, como um dos limites da Vila, por terem desaparecido os quintais de Gomes de Abreu e Bento Dias, é hoje este Largo, torna-se necessário dar disso conhecimento ao varredor das ruas para que a vassoura municipal também a percorra. Sim, que a vassoura municipal se gaste aqui como nas outras partes, porque a Calçada é o coraçãozinho da Vila, pese a quem pesar, doa a quem doer.» // Escreveu o “Mário de Prado”: «Passa no próximo dia 16 do corrente mês o quadragésimo aniversário do falecimento do grande benemérito que se chamou em vida JCGA, prestigioso cidadão que ainda hoje, apesar dos quarenta anos que já se escoaram pela austera ampulheta do Tempo, nós, melgacenses, recordamos com viva e pungente saudade. Antigo presidente da Câmara Municipal deste concelho, primeiro substituto do Juiz de Direito da Comarca de Melgaço, provedor da SCMM, comendador da Ordem da Senhora da Conceição de Vila Viçosa, e conceituado comerciante da nossa praça, a sua ação honesta, inteligente e altruísta, foi sempre orientada numa diretriz que ficou assinalada na grandiosa obra de caridade que, forçosamente, será sempre lembrada com legítimo orgulho. As obras municipais que JCGA nos legou são, também, muitas e importantes. E entre todas destaca-se, e ficou a perpetuar a sua saudosa memória, o importante edifício do hospital da SCMM – a nossa Domus Caritatis – que é, pode afirmar-se, obra exclusivamente sua, e que, por si só, basta para ser apontado a todos os melgacenses como o maior e mais benemérito homem do seu tempo. JCGA foi um homem invulgar, dotado de extraordinária força de vontade e excecional espírito de iniciativa. Desinteressadamente, consagrou toda a sua vida ao progresso desta linda terra que lhe serviu de berço e sepultura. O seu passado, probo e laborioso, é, por assim dizer, um livro aberto, no qual os melgacenses bem podem colher os ensinamentos, as energias e o altruísmo que são necessários para se edificar um Melgaço maior e melhor. Pois é verdade, estimados leitores: dizia eu que faz já no próximo dia 16 do corrente quarenta anos que faleceu o comerciante Gomes de Abreu, saudoso filantropo que ainda hoje – é justo repeti-lo – apesar da poeira dos anos, todo Melgaço chora. 40 anos!... Como o tempo foge! E nós, os melgacenses, sem ainda termos liquidado uma dívida que há tantos anos trazemos em aberto. E essa dívida, embora avultada, não é impossível, nem mesmo difícil, de pagar. Estou daqui já a ouvir os estimados leitores: “se não é impossível, nem mesmo difícil de pagar, então que urge fazer para liquidá-la, ou ao menos amortiza-la”? Pouca coisa. Para amortiza-la era só preciso que no dia 16 do corrente mês se celebrassem exéquias solenes, na igreja da SCMM, em sufrágio da alma de tão saudoso extinto, findas as quais organizar-se-ia por todos os melgacenses dignos deste nome e amantes da sua terra, uma piedosa peregrinação de romagem ao cemitério onde deporia sobre o seu túmulo uma significativa coroa de flores, como preito de gratidão e homenagem póstuma à memória do maior benemérito que em Melgaço nasceu, viveu e morreu. E para liquidá-la? Para liquidá-la, é dever e obrigação, organizar-se no concelho uma comissão que se encarregue de promover e patrocinar uma subscrição pública com o fim de se angariarem os fundos necessários à aquisição do busto do grande melgacense, cuja falta há quarenta anos que se vem notando no nosso querido burgo. Ao critério e apreciação dos bons melgacenses aqui deixo as minhas paupérrimas sugestões. Dado o caso que não sejam tomadas em consideração, eu nem por isso deixarei de ficar de bem com a minha consciência por ter prestado, com estas descoloridas linhas, justiça a JCGA, ao mesmo tempo que curvar-me-ei respeitosamente, perante a sua veneranda memória com o recolhimento piedoso que sempre me inspira o dia do aniversário do seu falecimento e ainda plenamente seguro e convencido de que o seu espírito dorme tranquilo o sono dos justos junto do trono de Deus, satisfeito por na terra sempre ter semeado o Bem, única semente que germinou em tão nobre e grande coração.»

Idioma e escrita

port.

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(OJM, de ACE, página 157), (Valenciano n.º 1696, de 18/10/1896)