FERNANDES, Bento

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FERNANDES, Bento

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Nível de descrição

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Código de referência

PT/CMMLG/GCMLG/MLG08/683

Título

FERNANDES, Bento

Dimensão e suporte

1 pág.

Âmbito e conteúdo

FERNANDES, Bento. Filho de António Joaquim Fernandes e de Ana Maria Domingues, lavradores, residentes no lugar do Cerdeiral. Nasceu e foi batizado na Gave a 4/7/1853. // Era solteiro, lavrador, morava no lugar de São Cosme, quando casou na igreja paroquial a 27/9/1882 com Maria da Conceição Duque, sua conterrânea, nascida 23/4/1863, solteira, camponesa, filha de Manuel João Duque e de Luísa Maria Rodrigues, rurais, residentes no dito lugar de São Cosme. Testemunhas presentes: Manuel Joaquim Rodrigues, solteiro, lavrador, residente no lugar de São Cosme, e Manuel Joaquim Duque, solteiro, camponês, morador no mesmo lugar. // Lê-se no Jornal de Melgaço n.º 1287, de 2/5/1920: «Assim como todas as terras procuram avançar na civilização, nas artes e indústrias, assim a Gave também avança, mas essa na hediondez do crime. Raro é o ano em que naquela freguesia não vá alguém dormir no cemitério antes do tempo que lhe estaria destinado. O crime deste ano, de hediondo, não sei até como descrevê-lo. Repugna ver um filho responder atrevidamente a seu pai, como revolta simplesmente a ideia de existir um filho que tenha o arrojo de bater naquele que lhe deu o ser, que, com tantos trabalhos, canseiras e cuidados, procurou, enquanto pôde, que ao seu filho nunca faltasse um pedaço de pão, mas ainda revolta e repugna muito mais o crime que acaba de ser praticado na Gave – um desgraçado insulta, fere e mata seu pobre pai. Não sei como das nuvens não cai um raio para fulminar aquele renegado, como outrora um raio fulminou Dioscoro no momento em que assassinava sua filha Bárbara! E a causa do crime? Um acto de desobediência do degenerado filho. Expliquemos: próximo do local onde foi assassinado o “António do Manco” há duas leiras de terreno, uma delas, pertencente a Bento Fernandes (vítima), do lugar de São Cosme, e outra a seu filho Manuel (o parricida). O filho andava a apascentar, na sua leira, duas vacas, e como em certo momento uma delas invadisse a leira vizinha, onde havia melhores pastagens, o Bento (vítima) grita de longe para o filho: «ó ladrão, tira as vacas da minha erva!» O Manuel (filho) em vez de desviar a vaca da erva de seu pai, como era seu dever, antes encaminha a vaca para a frente, deixando assim de cumprir as ordens de seu pai. Em virtude disso, o pai, vendo-se desobedecido, tira um pau de uma latada, e com ele se dirige para o filho com ideia talvez de lhe bater. Então o desgraçado filho vai ao encontro do pai, tira-lhe o pau da mão, e com ele lhe dá logo uma pancada na cabeça, fazendo-o cair por terra. Após a queda, tantas pancadas lhe deu ao longo das costelas que a pobre vítima ficou sem fala e quase sem vida. Deu-se este acontecimento trágico no dia 24/4/1920, pelas catorze horas, sucumbindo o pobre velho no dia 25 pelo meio-dia. O Bento era viúvo e tinha sessenta e oito anos de idade, e o filho é casado e tem trinta e seis anos. Mas agora reparo, à medida que vou lendo estes apontamentos: O Bento tinha dois filhos, António e Manuel. O António, que era uma joia, faleceu com a epidemia de 1918. Ficou o Manuel, que assim pôs termo à vida de seu pai. Mas este Manuel já tem um filho, de nome Isaías, com quatro anos de idade, e duas filhas, Felisbela, de oito anos, e Solidária, de dois anos de idade. Que farão estes filhos um dia? Mas que estranhar se o Bento já bateu no sogro e ameaçou seu pai com o tribunal, merecendo de um e de outro a maldição? A providência não dorme! Nunca esqueçamos o ditado: “filho és, pai serás; como fizeres, assim acharás.”» // O filho fugiu, pois lê-se no Jornal de Melgaço n.º 1291, de 30/5/1920: «Pelo Juízo de Direito da comarca de Melgaço, escrivão do 2.º ofício, correm editos de trinta dias a citar Manuel Fernandes, casado, ausente em parte incerta, para assistir a todos os termos do inventário por óbito de Bento Fernandes, que foi do lugar de São Cosme, freguesia da Gave, sem prejuízo do seu andamento e sob pena de revelia. Melgaço, 27/5/1920. O escrivão: António Freire Falcão Ribeiro de Campos. Verifiquei: o juiz de direito, Manuel Morato.»

Idioma e escrita

Por.